(Lua narrando) Logo chegou o fim de semana e com ele o passeio do colégio. Depois que fiquei solteira, me empolguei mais com essa trilha. Digamos que eu estava com a consciência pesada ao namorar Pablo, mas isso já passou.
Sophia: Demorou, hein Lua? – repreendeu-me quando me viu sair do carro. – Vamos logo.
O ônibus já estava esperando os alunos, parado na frente da escola. Logo, os alunos foram subindo, um por um foi subindo e se acomodando. Eu subi sentando na cadeira ao lado de Sophia que pareceu ter levado um kit de sobrevivência, ou seja, maquiagem, celular, perfume e outras frescuras. A viagem durou, mais ou menos, uma hora. Todos os alunos dormiram no ônibus, inclusive eu.
- Vamos acordar galerinha. – bateu palmas, entrando no ônibus. Todos os alunos acordaram, resmungando. – Bom dia, meu nome é Flávio. – apresentou-se. – Vamos descer? – assim fizemos e ao descer do ônibus recebemos umas mochilas. – Todos pegaram seus equipamentos? – assentimos.
- Vamos começar a trilha? – perguntou o outro guia e nós concordamos, animados. – Não se separem de mim em momento algum, ouviram? – assentimos e começamos a nossa caminhada.
Logo entramos numa floresta verde. O contato com a natureza me deixava tão leve. Sophia saiu aos pinotes apontando algo que eu não consegui ver o que era. Os curiosos a seguiram. Olhei para trás de mim e vi que Arthur estava bem pensativo.
Lua: O que foi? – me aproximei dele. – Aconteceu algo? Você está tão pensativo. – falei preocupada. Arthur não era assim.
Arthur: Não aconteceu nada. – disse sem me olhar, o que me deixava um pouco incomodada, já que gosto de falar olhando para ele. – Está se importando comigo agora? – riu sem vontade.
Lua: Idiota. Estou aqui preocupada com você e é desse jeito que me trata? – falei perplexa. Acho que ele tem algum tipo de distúrbio, talvez a bipolaridade.
Arthur: Espera. – ele berrou der repente. – Cadê os outros? – olhava desesperado, para os lados. – Cadê o pessoal? Os alunos? Os guias? Cadê? – fazia uma pergunta atrás da outra.
Lua: Não sei, não sei. – respondi passando a mão nos meus cabelos, que estavam presos em um rabo de cavalo. – Por que está assim garoto? – perguntei não entendendo o desespero dele.
Arthur: Estamos perdidos. – ele disse entrando em outro canto da floresta. – Nos perdemos do pessoal. – arregalei os olhos. – Meu Deus, isso só pode ser castigo.
Lua: Castigo é ficar perdida nessa mata e com você. – cruzei os braços, irritada.
Arthur: Isso não são horas para os seus ataques de histerismos. – falou grosso, o que me surpreendeu. Arthur sempre fora idiota, mas nunca falou daquela maneira comigo.
Lua: Meu Deus. – passei a mão na cabeça. – Estamos, mesmo, perdidos. – falei quando caiu a ficha. – SOCORRO, SOCORRO. – comecei a gritar loucamente.
Arthur: Eu já pedi e repito, para de ser histérica. – gritou comigo e eu me calei. – Não vai ser tão fácil assim achar as pessoas.
Lua: Não posso estar perdida com esse idiota. Não pode ser. – falei brava e baixinho, mas não foi o suficiente para ele não escutar.
Arthur: Vai ficar perdida e sozinha, se continuar á falar mal de mim. – andou á frente, enquanto eu ia atrás dele, implorando para que ele parasse.
(Lua narrando) Já não víamos mais a trilha, realmente, estávamos perdidos. Eu deveria sair de perto dele e ir por outro caminho, já que não parávamos de brigar, mas eu não queria deixá-lo ali sozinho, era como se algo estivesse me obrigando a ficar com ele e eu ficaria, até que nos achássemos.
Arthur: Eu sei onde estamos. – falou convencido. – Daqui a pouco encontraremos o pessoal, é questão de tempo, pois eu sei onde estamos. – falou sem convicção. Ele tentava se convencer disso.
Lua: Não. – gritei. Arthur, apenas, virou-se e me encarou com o seu cenho franzido. – Você não sabe onde estamos. Perdemos-nos e por sua culpa. – o acusei.
Arthur: Claro, é muito fácil jogar a culpa no outro. – sorriu irônico. – Eu não tenho culpa de nada, sua histérica. – não aguentei ouvir aqueles desaforos e avancei em cima dele.
Lua: Quem pensa que é pra me chamar de histérica? – eu dava fortes tapas nos seus braços malhados. – É tudo culpa sua. – continuei enchendo Arthur de tapas que tentava se defender como podia.
Arthur: Lua. – segurou meus braços, me fazendo parar. – Pare com isso. Confie em mim, eu vou nos tirar daqui. – beijou minha testa, o que me deixou um pouco aliviada.
Lua: E se não sairmos daqui nunca mais? – perguntei temerosa. Eu estava com muito medo, isso eu não podia negar. – Minhas pernas estão doídas, estou com fome, sede. – choraminguei.
Arthur: Só mais um pouco pequena. – pequena? Preferi não questionar. – Vamos conseguir. – abraçou-me passando segurança e alivio para mim. – Confie em mim. – sorriu terno.
Foi bem difícil para mim, já que eu não conseguia me mover, minhas pernas doíam muito, tínhamos andado bastante. Vendo meu estado, Arthur me apoiou nele e continuamos nossa caminhada. Logo encontramos uma cabana abandonada, um pouco assustadora, mas não tínhamos escolha.
Arthur: Passaremos nossa noite aqui. – jogou sua mochila no chão. – Está com muito frio, não é? – assenti, batendo os dentes. – Toma. – abriu sua mochila e tirou um casaco de frio. Logo o vesti. – Bebe um pouco de água. – bebi.
Lua: Obrigada. – sorri agradecida e ele sorriu de leve, como resposta.
Peguei minha mochila e a coloquei deitada para que pudesse fazê-la de travesseiro. Apoiei-me na bolsa, colocando minha cabeça em cima dela, Arthur fez o mesmo. Deitou ao meu lado e me abraçou, me aquecendo. De conchinha, adormecemos.
Essa noite tive um sonho, esse sonho não foi um dos melhores, então vamos corrigir, tive um pesadelo, lembro poucas coisas desse pesadelo, mas posso lhes dizer que ele foi muito obscuro:
- Você vai sofrer Lua. – dizia uma voz grave que mudava constantemente. – Você irá sofrer garota. – soltou uma risada maquiavélica.
Lua: Quem está falando isso? – perguntei assustada. – Responde. – olhava para os lados e só via paredes escuras com marcas de sangue. Não havia nenhuma luz naquele lugar, á não ser a luz que refletia sobre mim. – Quem está aí? – perguntei ao ouvir barulho de passos.
- Seu maior pesadelo. – falou a mesma voz grossa e foi aí que eu acordei.
Suava muito e ofegava bastante. Esse foi o pior pesadelo da minha vida, tudo parecia tão real. Olhei para o lado e Arthur dormia tranquilamente. O abracei, ele se mexeu, mas não acordou, e dormi de novo. Em seus braços eu me sentia segura.
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